quinta-feira, 7 de junho de 2018

A mulher que não sabia nadar


Poema por Lara Cléret

A mulher que não sabia nadar




Nos teus olhos o amar
E do amor escorre um mar
De lágrimas quentes
Os covardes 
Ausentes
Temem o escuro do oceano
Estão todos em casa
E o azul só aparece uma vez por ano
Mergulham a ponta do dedo nessa vida rasa
Com medo de queimar o corpo feito brasa.

Do meu ninho 
Saio de fininho 
Pelos fundos
Para sentir o teu abraço de enchente,
E em teus olhos afundo 
Te mostro
O monstro que é esse amor ardente.

O seu rio de águas tranquilas me acolhe 
Me engole
Me consome
Quando se une 
Ao estrondo do mar 
Tão rápido foi-se tudo
E eu que gostava tanto de você não parei para pensar.

Na borda
Segurada a uma corda 
Deveria ter ficado
Tivesse me agarrado 
Deixado a luz acesa 
Podia ter saído ilesa.

Quis ser diferente
Amar
Sem estar consciente
E minha mente assim se rendeu ao abismo profundo 
E só lhe restou ao meu barco defunto 
Naufragar.

Lara Cléret

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