por Luca Szaniecki Cocco
Uma recomendação musical por semana...
Moondog
é, sem menor dúvida, um dos artistas mais curioso e estranhos do
último século. Sua estranheza pode ser aplicada tanto na sua vida
quanto na sua obra.
Primeiro
quanto à sua obra, Louis Harding teve uma vida musical extremamente
privilegiado. Embora seu primeiro encontro com música tenha sido com
a música Arapaho (indígena), foi em Nova York dos anos 40 e 50 que
Louis presenciou uma experiência musical particularmente rica. Por
um lado conheceu nomes ilustres da música clássica como Leonard
Bernstein e Arturo Toscanini. Por outro, também conheceu grandes
nomes de outro gênero extremamente importante da época, o jazz de
Charlie “Bird” Parker, mas também de Benny Goodman, o rei do
swing. A obra de Moondog consegue então, com extrema maestria,
virtuosidade e originalidade, combinar esses diferentes elementos.
Temos lindas passagens dignas de uma sinfonia clássica à melodias
extremamente jazzy e estranhas. Embora, eu não saiba se
jamais encontrou o compositor e contra-baixista, Charles Mingus, não
consigo evitar de ver em suas composições uma enorme semelhança
nessa estranha mistura de jazz big-band, música clássica e
blues, além de percussões pouco utilizadas nos dois gêneros.
Moondog também ficou conhecido por usar diferentes sons gravados
(sons de baleia, por exemplo), tornando-se igualmente um enorme nome
na sua música de vanguarda, tanto do jazz quanto da música
clássica.
Sua
influência no mundo da música também é extremamente
diversificada, indo do rock ao jazz ao minimalismo de Philip Glass e
Steve Reich. Infelizmente, a figura de Moondog sempre foi bastante
enigmática e esquecida, porém, seus “discípulos” o fizeram
viver através de suas obras.
Quanto
a sua vida pessoal, o adjetivo que mais me pareceu adequado foi
“peculiar”. Moondog adotou um estilo de vida bastante excêntrico
ao viver nas ruas de Nova York por cerca de 20 anos, mesmo ganhando
dinheiro com suas obras. Acabou ficando conhecido como o “Viking of
the 6th Avenue”, nome homenageando sua estranha vestimenta nórdica.
De fato, Moondog havia uma estranha fascinação pela cultura
nórdica, até tinha um altar para Thor em sua casa de família.
Tinha uma visão idealizada da Alemanha, em particular as terras do rio Reno (“The Holy Land and the Holy River”), onde decidiu
estabelecer-se nos anos 70. Fora disso, apesar de uma de sua
deficiência visual, Moondog, além de compor incríveis músicas,
também foi criador de estranhíssimos instrumentos, como o trimba.
Enfim,
quis mostrar como um sujeito como Moondog foi capaz de superar sua
deficiência física e consagrar-se como uma das figuras mais
excêntricas do cenário musical. Escolhi esse álbum em particular
porque acho que engloba os principais aspectos da sua obra: a sua
experimentação, sua influência clássica e jazzística.
Porém, considero cada álbum de sua discografia uma verdadeira
obra-prima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário