Por Luca Szaniecki Cocco
Acho que poucos conhecem Mort Garson, pelo menos aqui no Brasil. Me incluia nessa lista até poucos tempo atràs quando o conheci definitivamente. E conhecer a música dele me chocou, surpreendeu e alegrou. Espero que essa música tenha o mesmo efeito em vocês. Vou apresentar-lhes Mort Garson, um pioneiro da música eletrônica.
Fotografia
de Mort Garson em frente a seus equipamentos e sintetizadores
Este
compositor canadense era conhecido até a Segunda Guerra Mundial como
um pianista renomado: podia tocar de tudo e acompanhar qualquer um.
Inclusive participou da criação de vários “hits” da época.
Porém não é esse Mort Garson que mais nos
interessa. De fato, é o período depois de seu serviço militar e
principalmente nos anos 60 que consagraram esse artista.
Os
anos 60 ofereceram novas perspectivas e explorações musicais. Uma
dessas explorações foi o sintetizador, construído pela primeira
vez em 1957 pela RCA Company nos Estados-Unidos.
Este instrumento extremamente aberto começou a tomar diversas formas
durante os anos 60 com Robert Moog, por exemplo. Este criou o
sintetizador Moog, que conseguiu atingir bastante popularidade
na época e foi utilizado por diversos artistas como a banda de rock
progressivo Emerson Lake & Palmer.
Um
dos responsáveis pela difusão do sintetizador foi o
próprio Mort Garson, que ao assistir à uma
conferência de Robert Moog decidiu abandonar o piano,
decisão que mudou sua vida pessoal e artística. Dedicou grande
parte do seu tempo desenvolvendo composições para esse novo
instrumento: Garson é considerado um dos primeiros a
compor músicas inteiras com o Moog. Seus experimentos
eletrônicos são hoje em dia pouco conhecidos, embora sejam
cultuados por fãs. Vou fazer um breve resumo de sua carreira musical
e comentar alguns de seus principais álbuns.
Ataraxia
é um álbum bastante interessante do Mort Garson, quando
ele decidiu explorar o obscurantismo. O álbum cria um ambiente
eletrônico de puro mistério.
Wozard of Iz é uma viagem psicodélica e experimental do universo maravilhoso do Mágico de Oz. Essa experiencia não é para qualquer um: o álbum mistura efeitos eletrônicos (todos feitos no sintetizador Moog) com diálogos de atores formando uma verdadeira viagem psicodélica. Uma mistura de música com uma certa teatralidade.
Black Mass é varias vezes
considerada a maior obra-prima desse criador. Aqui ele cria uma
música épica, mas também sombria e misteriosa, sob o pseudônimo
“Lucifer”. Alguns momentos até lembram um samba bizarro que
alguns chamaram de “bossa-nova psicodélica”.
Enfim,
para mim, o melhor álbum de Mort Garson: Plantasia.
Não há nada como Plantasia, disco raro e esquecido durante
muito tempo. O subtítulo da obra resume tudo: “música da mãe
Terra para plantas… e para as pessoas que as amam”. O que a
distingue dos outros álbuns é sua música hipnótica, menos
experimental, mas incrível, viciante, e incrivelmente original. A
capa também lembra desenhos animados pois o objetivo
de Garson também era fazer uma pequena animação de
plantas com o álbum. Queria fazer plantas crescerem com sua música
mas fez mais do que isso: fez artistas e pessoas do mundo inteiro
crescerem com sua música. Quando escutei pela primeira vez esse
disco, o reescutei umas 10 vezes. Não conseguia
deixá-lo de lado.
Mort Garson é
um artista esquecido embora tenha formatado o som eletrônico do
final do século XX e que tenha inspirado indiretamente músicos
do próximo século. Escrevia para plantas, planetas, mágicos e
magia, por que era isso que o definia: excentricidade e psicodelía.
Criador de mundos eletrônicos, Mort Garson merece mais
atenção.
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