segunda-feira, 9 de julho de 2018

Homenagem à Mort Garson


Homenagem a Mort Garson, criador de mundos eletrônicos

Por Luca Szaniecki Cocco

Acho que poucos conhecem Mort Garson, pelo menos aqui no Brasil. Me incluia nessa lista até poucos tempo atràs quando o conheci definitivamente. E conhecer a música dele me chocou, surpreendeu e alegrou. Espero que essa música tenha o mesmo efeito em vocês. Vou apresentar-lhes Mort Garson, um pioneiro da música eletrônica.






Fotografia de Mort Garson em frente a seus equipamentos e sintetizadores


Este compositor canadense era conhecido até a Segunda Guerra Mundial como um pianista renomado: podia tocar de tudo e acompanhar qualquer um. Inclusive participou da criação de vários “hits” da época. Porém não é esse Mort Garson que mais nos interessa. De fato, é o período depois de seu serviço militar e principalmente nos anos 60 que consagraram esse artista. 


Os anos 60 ofereceram novas perspectivas e explorações musicais. Uma dessas explorações foi o sintetizador, construído pela primeira vez em 1957 pela RCA Company nos Estados-Unidos. Este instrumento extremamente aberto começou a tomar diversas formas durante os anos 60 com Robert Moog, por exemplo. Este criou o sintetizador Moog, que conseguiu atingir bastante popularidade na época e foi utilizado por diversos artistas como a banda de rock progressivo Emerson Lake & Palmer. 

Um dos responsáveis pela difusão do sintetizador foi o próprio Mort Garson, que ao assistir à uma conferência de Robert Moog decidiu abandonar o piano, decisão que mudou sua vida pessoal e artística. Dedicou grande parte do seu tempo desenvolvendo composições para esse novo instrumento: Garson é considerado um dos primeiros a compor músicas inteiras com o Moog. Seus experimentos eletrônicos são hoje em dia pouco conhecidos, embora sejam cultuados por fãs. Vou fazer um breve resumo de sua carreira musical e comentar alguns de seus principais álbuns. 

Ataraxia é um álbum bastante interessante do Mort Garson, quando ele decidiu explorar o obscurantismo. O álbum cria um ambiente eletrônico de puro mistério. 


Wozard of Iz é uma viagem psicodélica e experimental do universo maravilhoso do Mágico de Oz. Essa experiencia não é para qualquer um: o álbum mistura efeitos eletrônicos (todos feitos no sintetizador Moog) com diálogos de atores formando uma verdadeira viagem psicodélica. Uma mistura de música com uma certa teatralidade. 




Black Mass é varias vezes considerada a maior obra-prima desse criador. Aqui ele cria uma música épica, mas também sombria e misteriosa, sob o pseudônimo “Lucifer”. Alguns momentos até lembram um samba bizarro que alguns chamaram de “bossa-nova psicodélica”. 



Enfim, para mim, o melhor álbum de Mort Garson: Plantasia. Não há nada como Plantasia, disco raro e esquecido durante muito tempo. O subtítulo da obra resume tudo: “música da mãe Terra para plantas… e para as pessoas que as amam”. O que a distingue dos outros álbuns é sua música hipnótica, menos experimental, mas incrível, viciante, e incrivelmente original. A capa também lembra desenhos animados pois o objetivo de Garson também era fazer uma pequena animação de plantas com o álbum. Queria fazer plantas crescerem com sua música mas fez mais do que isso: fez artistas e pessoas do mundo inteiro crescerem com sua música. Quando escutei pela primeira vez esse disco, o reescutei umas 10 vezes. Não conseguia deixá-lo de lado. 








Mort Garson é um artista esquecido embora tenha formatado o som eletrônico do final do século XX e que tenha inspirado indiretamente músicos do próximo século. Escrevia para plantas, planetas, mágicos e magia, por que era isso que o definia: excentricidade e psicodelía. Criador de mundos eletrônicos, Mort Garson merece mais atenção.




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