Por Lara Cléret
Uma pequena homenagem à obra de Xavier Dolan.
Quando eu vejo
um filme eu quero sempre encontrar um certo sentimento que eu já conheço. O
filme precisa ser como uma droga que vem preencher um falso vazio de algo que
um dia eu já senti e desejo sentir outra vez de forma mais intensa. E é quando
um cineasta consegue recapturar esse sentimento perdido e transforma-lo em algo
novo, que eu me apaixono. Eu gosto desses filmes que ficam na cabeça por dias,
deixando um misto de tristeza e satisfação... esses que te fazem querer
levantar e fazer algo do nada, como escrever o roteiro para um projeto seu ou
atuar em um filme.
E são todas
essas sensações que os filmes do diretor canadense Xavier Dolan conseguem provocar.
Eu matei a minha mãe (j’ai tué ma mère) foi o seu primeiro
filme, escrito aos 17 anos e dirigido aos 19, com o dinheiro que havia juntado
em alguns anos como ator. É um dos meus filmes preferidos, filmado de forma
completamente independente, mas que encontrou um grande sucesso após ser
aclamado em Cannes.
O que é tão
incrível nesse filme e no cinema de Dolan é a mistura que ele faz do mundo
contemporâneo e “mundano” com um mundo mais erudito. Essa dualidade pode se
encontrar nele mesmo, enquanto diretor, que tem Titanic como filme preferido,
mas citações de escritos clássicos da literatura francesa em seus filmes ou
tatuadas no seu corpo.
Sem contar a
iluminação incrível dos filmes de Xavier Dolan, ou o fato de que é ele quem faz
todos os figurinos dos seus personagens, a trilha sonora é sempre perfeita e
não está ali nos fundos como um simples adereço, mas faz parte da ação e
consequentemente provoca um sentimento no espectador. São quase sempre músicas contemporâneas
que ouvimos na rádio e que marcaram uma geração, ou músicas mais Indies
que escutamos nos nossos fones de ouvidos. Tal como as músicas, o seu cinema
parece estar próximo a nós. É um cinema que entende as relações humanas e
consegue capturá-las de forma única.
Tudo isso para
dizer que Xavier Dolan é um gênio, e que seu filme Eu matei a minha mãe, repleto de slow motions e emoção, é
uma obra de arte imperdível!
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