segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Tempo por Luca Szaniecki Cocco


Um poema por Luca Szaniecki Cocco




Tempo

Já tentei escrever sobre o Tempo.
Fazer um poema, sei lá.
Não é fácil falar sobre Tempo.
Tempo é aquele montículo de poeira acumulada nas prateleiras.
Tempo é aquela ferrugem do maquinário ou aquela oxidação da maçã que eu queria comer
Tempo é aquele encolhedor de páginas e líder das teias de aranhas.
Tempo é o sonho. Sonho é o Tempo.
Tempo é a rachadura do vaso e a ruína do templo.
Tempo é aquele fone de ouvido que para de funcionar (só de um lado).
Acho que Tempo nunca foi um cara muito utilitário.
Tempo é aquele monstro de 3 cabeças.
Tempo é aquele braço que se estica ao infinito e depois se retrai ao infinito, ao mesmo tempo. Tempo é aquele esquizofrênico.
Tempo é que nem mercúrio. Rápido e mais líquido que Bauman.
Tempo é aquele que não é mais o mesmo. Tempo foi, é e será.
Esqueçam tudo o que disse por que o Tempo já não é mais o mesmo. Ou será?
Olha, tempo é complicado.
Só tempo dirá o que tempo é.
Tempo não é relativo, Tempo é Tempo.
O relógio é relativo, mas quem disse que Tempo se resume ao relógio? Ou que o relógio se resume ao Tempo?
Acho melhor escrever sobre relógios.
Vou inventar um novo tempo: passado, presente, futuro e deekje, por que não?
Que seja! Deekje você é o novo (ou já ultrapassado) amigo da turma.
Agora ensine a esse Tempo que ele não nos define. Deekje mostre que somos mais que Tempo! Tempo é o que eu estou perdendo ao escrever sobre ele.

Luca Szaniecki Cocco


Nenhum comentário:

Postar um comentário